Entrevistado deste final de semana: ManDrag.

O entrevistado de hoje se intitula um cidadão do mundo. Mais conhecido pelo codinome de ManDrag. Blogayro culto, de vocabulário rico e contemporâneo do Bratz. E acima de tudo: um bom conselheiro. Vamos conhecer mais um pouco deste blogayro hoje.

Raphael Martins: Querido ManDrag, explique aos blogueiros como é ser um cidadão do mundo...

ManDrag: 

Geograficamente me intitulo de cidadão do mundo pois já pisei em solo das três maiores extensões continentais do planeta: África, onde nasci, Eurásia, onde vivi até bem recentemente e Américas, onde estou agora a morar. Humanamente me digo cidadão do mundo pois entendo que, embora cultural e oficialmente português, não me considero senão um humano filho duma grande entidade que é A Terra. O nosso belo planeta. O lar de todos nós. Sou apenas mais um humano se debatendo para sobreviver à tragédia épica e universal da história humana. 

RM: Como era ser gay nas décadas anteriores? Mais difícil ou mais fácil ?

MD:

Pergunta difícil de responder, pois eu venho dum país com costumes bem diferentes dos brasileiros, além dum outro percurso histórico e duma vivência diferente da democracia. Não se trata de ser mais fácil ou difícil antes ou agora. São tempos diferentes, com circunstâncias diferentes. A dificuldade da vivência da propria identidade sexual varia de indivíduo para indivíduo, integrado num contexto social, familiar e cultural. Tendo em conta a realidade brasileira, parece-me que primeiro é necessário educar a população, para que ela se liberte da escravidão religiosa e depois então, se esperar uma integração de TODOS, construindo assim uma verdadeira sociedade democrática e igualitária.

             RM: Você acha que progredimos na questão do combate à homofobia?

MD: Sim! Por muito pequenos que possam parecer os avanços. É a persistência e a determinação (mantendo a esperança na vitória e libertação) que faz a diferença. Acreditar sempre! 

RM: Como você  define seu estilo ?

MD: Eu tenho um estilo?! Ops, nem sabia! hahaha Meu lema pessoal é "O Homem está só". A partir daí vou construindo a minha realidade e o meu percurso de vida. Observo o entorno e tento me integrar sem perder a minha identidade. Nessa tentativa de integração acabo por me ir construindo a mim próprio. Será isso que modelará o meu estilo? 

RM: Você passa uma imagem de uma pessoa séria, serena... o que te tira do sério ?

MD: Sempre tento manter a serenidade mas por vezes... Afff! Injustiça e ignorância (principalmente a ignorância ostensiva) me incomodam de sobremaneira chegando a tirar do sério e enfurecer. No mundo em que vivemos e com todos os recursos de que dispomos, como humanidade, não há - repito NÃO HÁ!!! - desculpa para tanta injustiça e ignorância! Somos uma vergonha enquanto humanidade! A estupidez social cresce exponencialmente com o avanço tecnológico!!!

RM: Sente saudade de alguém ou de alguma época da sua vida?

MD: Sinto muita saudade do futuro!

RM: Qual seu estilo musical ?

MD: Difícil definir, porque sou bem ecléctico nas minhas audições e preferências musicais, que vão desde a dita música clássica (ou erudita) até ao Metal (preferencialmente épico ou dito sinfónico). Com muito de electrónica psicadélica pelo meio. De momento ando recordando os melhores sons da longa carreira dos Uriah Heep (Ex: http://youtu.be/bDo-WcXoVZk), que aconteceram no início dos anos 1970. E também o melhor dos góticos The Mission nos 1980/90. Mas posso até variar passando, por José Mário Branco e Sérgio Godinho, durante os tempos da luta anti-fascista no estertor da ditadura portuguesa, com o seu hino de libertação "Eh! Companheiro" (http://youtu.be/kCarZNZGrIU). Sim, eu tenho uma formação musical europeia, assumida e preferenciada.

RM: Curte cinema? Quais seus filmes preferidos ?

MD: De cinema produzido em Holywood apenas gosto dos efeitos especiais. Que ao que sei os melhores efeitos nem são feitos lá. hahaha. Em termos gerais apenas gosto de assistir épicos históricos ou mitológicos e ficção científica (tal como na literatura). Dramas só se forem de temática homossexual. Não  me interessa os dramitas de heteros mal resolvidos! Detesto o glamour do cinema e das suas vedetas. O meu modelo de cinema preferido é o britânico. Bons actores e bons guiões - coisa que holywood não sabe fazer são bons guiões. Falei! hahaha

RM: Do que você mais gostou em relação ao Brasil e o que mais te incomodou ?

MD: Sei que me vão apedrejar (começando logo em casa, hahaha) mas é fácil repsonder. O que mais gosto é a beleza dos cafuçus e o que mais me incomoda é viver atrás de grades, como se fosse um criminoso encarcerado. Traduzindo para o politicamente correcto: Encanta-me a miscigenação, tanto genética como cultural e me entristece muito a falta de segurança e justiça social.

RM: Na sua opinião, qual o segredo para um relacionamento amoroso bem sucedido ?

MD: Perder o medo de se conhecer a si próprio na descoberta que o convívio com o outro proporciona. (Agora desembrulha essa! hehe)

RM: Quais são os seus blogs preferidos ?

MD: Os meus!!! (hahaha...) Desculpa a risada, mas na verdade eu não sou muito frequentador de blogs. Acontece com os blogs como na poesia. Costumo dizer que não gosto de outros poetas porque sou um poeta.

RM: Teria um conselho para os gays mais jovens ?

MD: RESPEITO. Respeitem-se a si próprios para serem respeitados.

RM: Agradeço ao amigo Man Drag pela participação. Em breve teremos mais um entrevistado !

MD: Gostei da entrevista. Foi um prazer responder e diverti-me imenso! Abraço.

  Quem quiser fazer alguma pergunta ao entrevistado, mande por comentários nesta entrevista. O ManDrag se prontificou em responder ( desde que sejam dignas de resposta, disse ele ).

Blogs do ManDrag:

Confessium

Apollonius

entre outros...

Pessoal, não tive tempo de editar esta postagem como deveria... desculpem. Mas há tempos queria entrevistar esta pessoa ímpar...

Qualquer semelhança da foto do ManDrag com o carrasco do filme Coração Valente é mera coincidência...